quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

o(s) Belo(s)

Dizem que beleza não põe a mesa. Mas quem disse que os belos precisam por a mesa? Eles arranjam quem o faça. E isso sem precisarem fazer nada. São bonitos, e sabem disso. E mais que saberem que são bonitos, sabem o quanto o ser humano é vulnerável à beleza. Podemos até nos casar com pessoas que ponham a mesa, mas são os belos que nos inebriam e nos levam à loucura. Fazemos qualquer coisa pelas criaturas descendentes do Monte Olimpo. Fazíamos há dois mil e poucos anos, há cento e poucos, fazemos hoje e vamos continuar fazendo.

Gitone, levou Ascilto e Encolpio ao degladio por ele. Quando se deu conta de sua beleza, Dorian Grey ateou fogo em Londres. Obcecado por Tadzio, Aschembach morre admirando-o, sabe-se lá se pela cólera ou se pelo amor.

Sim. Falamos aqui de três homens. Três homens que levaram pessoas à loucura, simplesmente por serem belos. Não tratemos das batidas e famosas femmes fatales dos livros de espiões, que enganam a todos pelos meios para atingirem um fim. São simples. Ardilosas e maquiavélicas, mas ainda assim planas. Falemos desses três, que nada precisam fazer para que matem ou morram por eles.

No raso da questão, são três personagens que não valem a areia da praia em que pisam, mas são aqueles que povoam nossos sonhos após o fim de cada página. Sonhar com femmes fatales ou com heróis que salvam o mundo pode até ser bom, mas são aqueles que não fazem o mínimo esforço que nos hipnotizam. E justamente por essa indiferença, por esse olhar de desprezo é que caímos por eles.

Talvez esteja sendo superficial demais e inconscientemente tentando fazer uma ode aos mais belos e traiçoeiros rapazes da literatura. Talvez até pareça uma menina pré-adolescente encantada com uma estrelinha do rock juvenil, mas não consigo mais que isso. Além do mais, se mesmo Petrônio, Wilde e Mann não conseguiram desbancar esses três, quem sou eu para fazê-lo?


por Murillo Teixeira

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