segunda-feira, 8 de março de 2010

Miss Corações Solitários

Depressão americana.
Os olhos na rua refletem a mesma natureza difícil do concreto.

De um jornalzinho fuleiro a esperança ecoa pela America.
É Miss Corações Solitários,
dando esperança à " cansada da vida", "doce iludida" e "velha solitária".

Miss Corações Solitários é um homem que precisa ser salvo.
Talvez por ele mesmo.
Ele fita a imagem de Cristo pregada em sua parede,
diretamente,
pulando a parte da cruz.

Ele responde as cartas dos desgraçados desses mundo,
sincera e religiosamente.
Ele falta ao trabalho para ter febre e alucinar com o teto de sua cama.

Miss Corações Solitários é um homem que tenta salvar os outros.
Miss Corações Solitários é um homem que quer ser salvo.
Talvez por jesus,
talvez por ele mesmo.

Fragmentos de um Discurso Amoroso

Talvez um estudante de filosofia leia "Fragmentos de um Discurso Amoroso", do Roland Barthes, e comece a discorrer longamente sobre a organicidade e a técnica imoritrível do livro, de modo a fazer qualquer aluninha da ciências sociais dar pra ele imediatamente.

Lendo agora esse livro sinto que não é meu caso.

De modo pouco ortodoxo,
criando um frankstein de discursividades,
Barthes deconstrói aquele que ama,
o enamorado e sua eloquência,
em uma dança referencial de falas
e comportamentos.

Torna o gênio romântico do amor,
que embasa o gênio artístico do romântico,
num esquema reconhecível de psicologias,
causas, efeitos,
e discurso.

Não sei como deve ser estudar filosofia e ler esse livro friamente distanciado pela grade currícular. Para os trouxas, como eu, que acabaram de levar um pé na bunda, o livro é um bálsamo para os músculos, que podem agora acreditar que metade do seu sofrimento é hábito histórico, e a outra metade chantagem.

Os amores durante os séculos,
tão originais em sua dor,
virulentos na morte e na paixão,
descontruídos com o sopro leve
de uma bicha esperta.